Nunca fui das mais otimistas quanto aos dias que virão no nosso planeta terra. Com avisos de estudiosos sobre o clima nada ou mesmo pouco se anda fazendo para pelo menos estagnar o processo de aquecimento global e as agressões ao meio-ambiente (ela mesma já lança cerca de 10 fraldas descartáveis todos os dias). Já para as estatísticas da economia do nosso país as previsões são mais animadoras, um país em crescimento imagina-se que venham dias melhores por aí.
O crescimento da violência indiscriminada é alarmante e particularmente é o que mais me assusta. É um peso muito grande quando começamos a analisar que a responsabilidade é só sua de ter colocado aquele serzinho no mundo e principalmente que você é o responsável por repassar valores morais. A idéia de que a liberdade da minha filha de ir e vir livremente será tolhida por mundo doido me dá arrepios!
No entanto, em meio a esse pessimismo filosófico, essa semana, enquanto amamentava meu baby, aproveitei o tempo do ócio criativo e li uma matéria sobre a história de uma carioca, moradora de um dos morros mais violentos do Rio, que tem dedicado a sua vida a fazer o bem e retirar crianças do universo das drogas. Flordelis já adotou 37 crianças (e tem mais três filhos biológicos) e já conseguiu tirar dezenas de jovens e crianças condenadas pelo tráfico da mira de revolveres de bandidos e traficantes oferecendo sua própria vida em troca.
A linda historia dessa mulher (que virou filme) passa pelos buracos mais nojentos da sociedade: casos de agressão a crianças (uma das crianças foi encontrada no lixo e outra teve as perninhas quebradas pelo pai drogado), o mundo perverso das drogas, a maldade humana. O relato comovente me fez refletir muito e mesmo com toda a tristeza (confesso que quase chorei) vendo ações como essas vêm uma gota de pensamento que para o mundo existe sim uma chance enquanto figuras como essa existirem.
Nunca mais me esqueço de umas palavras que um amigo me disse enquanto discutíamos essa tal responsabilidade de colocar um filho em um mundo cada vez mais louco. Ele me disse que a nossa contribuição era exatamente essa, repassar valores de amor, justiça, compromisso com o ambiente que se vive que só assim espalharíamos as nossas sementes, formando uma corrente do bem e assim quem sabe mudar aos poucos o mundo.
Não sei se minha xurupitinha vai ser uma Flordelis, porque ser assim também é um dom divino, mas estou disposta a repassar o que tenho de melhor e ensiná-la a ser um ser humano cheio de princípios ajudando o planeta a ser um cantinho pelo menos habitável de se viver.